quarta-feira, 8 de junho de 2011

Malapata de cavalos toureiros

Este ano tem ficado marcado pela perda de vários cavalos toureiros craques.

O primeiro azarado foi Passapé da quadra de Moura Caetano. Passapé era um cavalo com ferro da casa Paulo Caetano e era um verdadeiro craque. Era um cavalo que citava os touros muito de perto à semelhança do que faz o cavalo Distinto de Ventura. Quebrava sempre no último instante o que lhe custava alguns toques com touros com pouca investida. Estava no seu auge quando à uns dias uma cornada numa pata lhe fracturou o fémur em dois sítios diferentes tendo que ser abatido no pátio de cavalos de Las Ventas - Madrid.

Poucos dias depois da morte do Passapé na arena morre Fuzilero, um cavalo tordo em face branca de Pablo Hermoso de Mendoza. O Fuzilero morreu na herdade de Pablo em Estella, Navarra depois de estar jubilado à cerca de 3 anos. Fuzilero era um cavalo de ferro Rio Frio que pertenceu ao cavaleiro João Salgueiro que não se entendeu bem com ele. Vendeu-o em 1999 ao cavaleiro de Navarra que nas primeiras épocas também teve algumas dificuldades com ele mas depois o cavalo foi ganhando o seu lugar na quadra maravilha de Pablo obtendo grandes triunfos principalmente nas digressões mexicanas. Fuzilero era um cavalo muito completo mas que precisava de um touro com mobilidade como é o Mexicano ou o Português. Enfrentava o touro de frente com uma bela batida ao pinton contrário e saía da sorte fazendo piruetas ajustadíssimas na cara do touro. Era um cavalo extremamente curto pelo que rodava sobre os seus quartos traseiros com imensa facilidade. Morreu aos 27 anos de velhice depois de centenas de touros toureados e de ter passado os seus últimos 3 anos em gozo de plena liberdade e a padrear.

Por fim chegou-me a notícia da morte do cavalo Van Gogh da quadra de João Salgueiro. Ao que apurei o cavalo morreu de causas naturais durante um treino em Valada do Ribatejo. Nos últimos anos, este cavalo foi o seu principal craque juntamente com o Zamorin, proporcionando-lhe grandes triunfos. Era um cavalo que citava os toiros a galope de praça a praça e que os atacava fazendo um quiebro muito acentuado e ajustado. Tinha o ferro de Afonso Lopes e era já um veterano, apesar de ainda ter muito para dar à tauromaquia.

A festa dos touros é mesmo assim, dá e tira. Casos como os destes três cavalos são raríssimos. O mais normal num cavalo de toureio é apresentar-se em praça ao mais alto nível enquanto tem capacidades físicas para isso e à medida que a idade vai avançando é vendido inicialmente a cavaleiros mais jovens com menos posses e depois a pessoas comuns que procuram um cavalo arranjado para dar uns passeios ou para aprender a montar. Mortes em praça como aconteceu com o Passapé são felizmente cada vez mais raras. Apesar de todos os cuidados veterinários que actualmente os cavalos são alvo, é ainda bastante normal haver cavalos a morrer de causas cardíacas como o Van Gogh ou alvo de cólicas intestinais. Casos como o do Fuzilero é que são absolutamente raros. Esteve em alto nível até muito tarde e depois teve a merecida reforma morrendo em casa de velhice e com todas as condições. Pablo está de parabéns porque é um cavaleiro agradecido aos seus cavalos mais artistas e um exemplo para todos os que gostam verdadeiramente destes animais tão nobres que são os cavalos toureiros.

PS: Nota para o facto de todos estes cavalos serem Lusitanos e nascidos em Portugal. Fuzilero foi o cavalo mais querido da aficion Mexicana nos périplos que Pablo fez pelo México. Esta admiração deve-se sobretudo ás piruetas que o cavalo dava na cara dos touros.

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