Na passada semana o Semanário Sol apresentou uma entrevista realizada ao Deputado Paulo Rangel, actual líder parlamentar do PSD.
Ao ter oportunidade de entrevistar o líder parlamentar do maior partido da oposição espera-se do entrevistador um conjunto de perguntas com nível pelo menos condizente com a qualidade do entrevistado e com as expectativas dos leitores. Infelizmente a oportunidade foi totalmente perdida pois o entrevistador revelou um fraquissimo nível com perguntas incrivelmente absurdas e uma atroz incapacidade para compreender as respostas que o seu entrevistado lhe deu.
Paulo Rangel disse, em resposta às perguntas que lhe foram colocadas, que na sua opinião "não faz sentido haver um dia do cão", disse que "um cão nunca deixa de ser um cão. Trocaria a vida do meu cão pela vida de qualquer pessoa em qualquer lado do mundo, mesmo não a conhecendo. Uma pessoa vale sempre mais do que um animal" e disse ainda que “Os animais merecem protecção mas não são titulares de direitos".
A Associação Animal comentou estas respostas dizendo que as mesmas "revelam um lado negro, um trogloditismo pré-científico e uma visão medieval". Quem ler a entrevista do Sol perceberá sem sombra de dúvida que o jornalista que fez a entrevista partilha completamente desta opinião.
Saber que um cão nunca deixa de ser um cão, dizer que se trocaria a vida do nosso cão pela vida de uma pessoa mesmo que desconhecida, defender que uma pessoa vale sempre mais que um animal e defender que os animais merecem protecção e que essa protecção é um dever nosso mas não um direito dos animais pois estes por serem animais não são titulares de direitos, é dizer um conjunto de verdades que num mundo de gente normal são verdades de La Palice.
No entanto na nossa sociedade há um conjunto de urbano-depressivos pseudo-intelectuais com direito a opinião que pretendem fazer com que ser normal seja politicamente incorrecto. E como parece que a maioria das pessoas ou por não ter valores solidificados ou por não saber ou não querer pensar se sente na "obrigação" de seguir estes opinion-makers porque estes passam uma imagem de modernos e evoluídos que as pessoas gostam de dizer que são, o nosso mundo vai dando lugar aos anormais e às anormalidades.
Felizmente ainda existem pessoas, como o Deputado Paulo Rangel, que não têm medo de pensar e de defender a normalidade. É este tipo de pessoas, independentemente do seu Partido, que não têm medo de pensar, que sabem pensar e que não têm medo de ter opinião e defender publicamente a sua opinião que merecem o meu voto e que me sinto descansado ao entregar a minha representação.
Há muito tempo que na Tauromania e noutros locais tenho vindo a salientar que o que nos separa dos fundamentalistas da Animal é uma Concepção do Mundo e que a Concepção do Mundo que estes fundamentalistas apresentam é uma aberração completa. Mais uma vez isto fica claro como a àgua quando chamam troglodita a alguém que considera, como é óbvio para todas as pessoas normais, que uma pessoa vale sempre mais que um animal.
Ainda no outro dia num programa de rádio ouvia uma entrevista à responsável de um site que funciona com o Hi5 dos Pets (animais de estimação). Aqui os donos dos Pets, em nome dos Pets, trocam experiências e sentimentos com outros Pets. Atenção: não são os donos dos animais que trocam experiências (o que seria normal), pois a dita senhora explicou que são os animais, tendo como intermediários os seus donos, pois os Pets não conseguem escrever no computador, embora sejam tão inteligentes como as pessoas, que comunicam entre si as suas experiências e sentimentos. A dita senhora até salientou que os donos dos Pets se despedem uns dos outros enviando lambidelas em vez de cumprimentos. Este site é patrocinado por várias marcas de Pet Food e Pet Services que aliás o sustentam.
Ao ouvir esta entrevista pensava para mim porque é que ninguém diz que o Rei vai nú?! Ou seja, a maioria das pessoas não vê a anormalidade disto?!? Um Hi5 de Pets em que os donos falam pelos animais e se despedem com lambidelas?!?! O direito à anormalidade existe e eu até sou defensor da liberdade de cada um se manifestar anormal quando quiser e bem entender desde que a sociedade continue a ter o dever e o direito de pensar e de chamar os bois pelos nomes, chamando anormais às coisas anormais e não chamando evoluídas e modernas às coisas que são simplesmente anormalidades.
Por Diogo Palha, in Tauromania.
Há 15 anos